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User:Mike Halterman/sandbox/Nome Mulher: Difference between revisions

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A 4 de Fevereiro de 1976, ''Nome Mulher'' transmitiu um especial chamado "O Aborto não é um Crime".<ref name="aborto2">{{cite web |url=https://arquivos.rtp.pt/conteudos/o-aborto-nao-e-um-crime-parte-i/ |title=O Aborto não é um Crime – Parte I |website=RTP Arquivos |access-date=2023-07-30 }}</ref> O título foi escolhido deliberadamente, pois o aborto era de facto um crime segundo a lei portuguesa e continuaria a ser até 2007.<ref name="aborto3">{{cite web |url=https://jacobin.com/2020/08/portugal-womens-liberation-movement-mlm-carnation-revolution |title=The Portuguese Revolution and Women’s Liberation |website=Jacobin |access-date=2023-07-30 }}</ref> O episódio focou-se num grupo clandestino na área de Lisboa (com todos os participantes usando apenas os primeiros nomes) que facilitava abortos ilegais.<ref name="aborto2" /> Estas pessoas, que tinham estudado obstetrícia, aborto, e saúde reprodutiva, mas não possuíam diplomas e credenciais de médicos,<ref name="aborto2" /> ofereciam os seus serviços a partes interessadas e normalmente não envolviam médicos porque sentiam que o método de aborto usado, o método de aspiração a vácuo, não era um "ato médico", contornando assim a necessidade de um médico numa tal situação.<ref name="aborto2" /> O grupo clandestino também oferecia referências para cuidados médicos pós-procedimento e até fornecia serviços psicológicos a mulheres pós-aborto.<ref name="aborto4">{{cite web |url=https://arquivos.rtp.pt/conteudos/o-aborto-nao-e-um-crime-parte-ii/ |title=O Aborto não é um Crime – Parte II |website=RTP Arquivos|access-date=2023-07-30 }}</ref> A 4 de Fevereiro de 1976, ''Nome Mulher'' transmitiu um especial chamado "O Aborto não é um Crime".<ref name="aborto2">{{cite web |url=https://arquivos.rtp.pt/conteudos/o-aborto-nao-e-um-crime-parte-i/ |title=O Aborto não é um Crime – Parte I |website=RTP Arquivos |access-date=2023-07-30 }}</ref> O título foi escolhido deliberadamente, pois o aborto era de facto um crime segundo a lei portuguesa e continuaria a ser até 2007.<ref name="aborto3">{{cite web |url=https://jacobin.com/2020/08/portugal-womens-liberation-movement-mlm-carnation-revolution |title=The Portuguese Revolution and Women’s Liberation |website=Jacobin |access-date=2023-07-30 }}</ref> O episódio focou-se num grupo clandestino na área de Lisboa (com todos os participantes usando apenas os primeiros nomes) que facilitava abortos ilegais.<ref name="aborto2" /> Estas pessoas, que tinham estudado obstetrícia, aborto, e saúde reprodutiva, mas não possuíam diplomas e credenciais de médicos,<ref name="aborto2" /> ofereciam os seus serviços a partes interessadas e normalmente não envolviam médicos porque sentiam que o método de aborto usado, o método de aspiração a vácuo, não era um "ato médico", contornando assim a necessidade de um médico numa tal situação.<ref name="aborto2" /> O grupo clandestino também oferecia referências para cuidados médicos pós-procedimento e até fornecia serviços psicológicos a mulheres pós-aborto.<ref name="aborto4">{{cite web |url=https://arquivos.rtp.pt/conteudos/o-aborto-nao-e-um-crime-parte-ii/ |title=O Aborto não é um Crime – Parte II |website=RTP Arquivos|access-date=2023-07-30 }}</ref>


While ''Nome Mulher'' was controversial in the past, this particular special, which included footage of a woman aborting her pregnancy via the vacuum aspiration method in a clinic setting in ],<ref name="aborto3" /><ref name="aborto4" /> caused a national uproar.<ref name="nyt2">{{cite web |url=https://www.nytimes.com/1976/03/13/archives/abortions-in-portugal-a-complex-controversy.html |title=Abortions in Portugal, A Complex Controversy |website=The New York Times |access-date=2023-07-30 }}</ref> Conservative political groups joined forces to denounce the programme, and even the ] in power at the time felt compelled to stay silent.<ref name="nyt2" /> One Socialist politician, speaking on condition of anonymity to ''The New York Times'', said that while the party overall agreed with Palla's stances,<ref name="nyt2" /> the timing of the programme was inopportune as it came up unexpectedly in the weeks leading up to the ], potentially hurting their chances at the polls.<ref name="nyt2" /> There were calls for the head of RTP at the time, Manuel Pedroso Marques, to cancel the series, which only further complicated matters as he was (and still is today) the husband of Maria Antónia Palla.<ref name="aftermath" /> The Porto Fundo de Fomento à Habitação story, which had already been produced and completed, was allowed to air on 2 March 1976,<ref name="direito" /> but afterward, Marques pulled the programme for good.<ref name="aftermath" /> Embora Nome Mulher tenha sido controverso no passado, este especial em particular, que incluiu imagens de uma mulher a abortar a sua gravidez através do método de aspiração a vácuo numa clínica em Cova da Piedade,<ref name="aborto3" /><ref name="aborto4" /> causou um alvoroço nacional.<ref name="nyt2">{{cite web |url=https://www.nytimes.com/1976/03/13/archives/abortions-in-portugal-a-complex-controversy.html |title=Abortions in Portugal, A Complex Controversy |website=The New York Times |access-date=2023-07-30 }}</ref> Grupos políticos conservadores uniram-se para denunciar o programa, e até mesmo o Partido Socialista no poder na altura sentiu-se compelido a permanecer em silêncio.<ref name="nyt2" /> Um político socialista, falando sob condição de anonimato ao The New York Times, disse que embora o partido em geral concordasse com as posições de Palla,<ref name="nyt2" /> o timing do programa foi inoportuno, pois surgiu inesperadamente nas semanas que antecederam as eleições legislativas portuguesas de 1976, potencialmente prejudicando as suas chances nas urnas.<ref name="nyt2" /> Houve apelos para que o chefe da RTP na época, Manuel Pedroso Marques, cancelasse a série, o que complicou mais as coisas, pois ele era (e ainda é hoje) o marido de Maria Antónia Palla.<ref name="aftermath" /> A reportagem sobre o Fundo de Fomento à Habitação no Porto, que havia sido produzida e concluída, foi autorizada a ser transmitida a 2 de Março de 1976,<ref name="direito" /> mas depois disso, Marques retirou o programa de vez.<ref name="aftermath" />


Shortly after the programme's broadcast, ], Lisbon's leading maternity hospital, filed charges against Palla for "offense to public morals" and "illegal practice of medicine".<ref name="aftermath" /><ref name="nyt2 /> Palla argued that she never made an on-air statement endorsing nor rebuking abortion<ref name="nyt2" /> and that the point of the programme in question was to highlight how easy and relatively safe it was to obtain an abortion in Portugal, in spite of its illegality.<ref name="aftermath" /><ref name="nyt2" /> Palla alleged that in 1976, abortions in Portugal could be obtained with the absolute minimum of hygiene standards met for just 500 ] ($18.50 in 1976 ] and $98.90 in 2023 dollars, or approximately €90 in 2023 ] valuations),<ref name="nyt2" /> with more state-of-the-art, luxury treatment available for 5,000 escudos ($185 in 1976 U.S. dollars, or $989 / €900 in 2023 values).<ref name="nyt2" /> Nevertheless, Palla was brought to trial in Lisbon in 1979.<ref name="aftermath" /> She was eventually acquitted of all charges.<ref name="aftermath" /> Shortly after the programme's broadcast, ], Lisbon's leading maternity hospital, filed charges against Palla for "offense to public morals" and "illegal practice of medicine".<ref name="aftermath" /><ref name="nyt2 /> Palla argued that she never made an on-air statement endorsing nor rebuking abortion<ref name="nyt2" /> and that the point of the programme in question was to highlight how easy and relatively safe it was to obtain an abortion in Portugal, in spite of its illegality.<ref name="aftermath" /><ref name="nyt2" /> Palla alleged that in 1976, abortions in Portugal could be obtained with the absolute minimum of hygiene standards met for just 500 ] ($18.50 in 1976 ] and $98.90 in 2023 dollars, or approximately €90 in 2023 ] valuations),<ref name="nyt2" /> with more state-of-the-art, luxury treatment available for 5,000 escudos ($185 in 1976 U.S. dollars, or $989 / €900 in 2023 values).<ref name="nyt2" /> Nevertheless, Palla was brought to trial in Lisbon in 1979.<ref name="aftermath" /> She was eventually acquitted of all charges.<ref name="aftermath" />

Revision as of 18:43, 30 July 2023

Nome Mulher foi um programa televisivo pioneiro sobre questões femininas, encomendado pela RTP1 em 1974, pouco após a Revolução dos Cravos. A série, apresentada pelas jornalistas Maria Antónia Palla e Antónia de Sousa, estreou a 10 de Agosto de 1974, com um olhar documental sobre a vida das mulheres na pequena cidade de Monforte da Beira, Castelo Branco, e quais eram as suas esperanças e sonhos agora que viviam num "mundo pós-25 de Abril". O primeiro episódio produzido, um olhar sobre a vida da estimada jornalista Maria Lamas, foi o segundo a ser transmitido, a 31 de Agosto de 1974.

Nome Mulher foi emitido durante 46 episódios semestrais, com o último episódio focado nas histórias do Serviço Local de Apoio Ambulatório no norte de Portugal e no envolvimento das mulheres no Fundo de Fomento à Habitação no Porto, a 2 de Março de 1976. Após essa transmissão, o programa foi retirado da programação, nunca mais regressando.

Conceção e controvérsia

Nome Mulher fazia parte de uma campanha mais ampla da Rádio e Televisão de Portugal para incorporar todas as vozes e opiniões portuguesas na sua programação após a Revolução dos Cravos ter derrubado o regime do Estado Novo a 25 de Abril de 1974. O regime do Estado Novo marginalizou as mulheres em muitos aspetos, ensinando as mulheres portuguesas que o seu serviço na vida era ser uma boa esposa, boa mãe, e boa católica. A programação da RTP antes da Revolução dos Cravos teria se focado apenas na promoção destes atributos.

Duas jornalistas que já tinham recebido elogios pelo seu trabalho em Portugal e no estrangeiro foram Maria Antónia Palla e Antónia de Sousa, duas das "Três Antónias" do movimento feminista de segunda onda em Portugal. Com a ajuda da cooperativa de produção Cinequipa e dos produtores Fernando Matos Silva e João Matos Silva, Nome Mulher foi conceptualizado como uma maneira de as mulheres expressarem livremente o mundo com que agora se confrontavam, e iriam enfrentar, agora que o antigo regime tinha acabado e Portugal estava a caminho de uma democracia representativa plena. Falando sobre o seu trabalho, Palla comentou em 2017, "O projecto passava por inventariar e debater os problemas das mulheres e registar as acções mais representativas das suas lutas no período revolucionário. Umas vezes, abordávamos um caso concreto, outras, um caso temático. Falávamos sobre coisas que nunca se tinham discutido antes: divórcio, mães solteiras, união de facto, etc."

O caminho para a democracia em Portugal foi pedregoso, com uma tentativa de golpe ocorrendo a 28 de Setembro de 1974. Nome Mulher, então um novo programa, dedicou um episódio transmitido a 5 de Outubro ao papel das mulheres na prevenção da tentativa de golpe. O caminho a seguir para Portugal também estava repleto de mudanças sociais, com um episódio de Dezembro de 1974 discutindo o tópico do divórcio, pouco antes do governo português reinstaurar a sua decisão de 1910 de permitir a todos os portugueses, independentemente da religião, o direito ao divórcio.

Outros episódios controversos incluíram a discussão anteriormente mencionada por Palla sobre a situação das mães solteiras na Portugal contemporânea (transmitido a 22 de Fevereiro de 1975); o que o planeamento familiar significa para as mulheres portuguesas, tanto rurais como urbanas (transmitido a 18 de Março de 1975); o direito de voto das mulheres, recentemente concedido às mulheres independentemente do nível de literacia, discutido com a ajuda da notável feminista Elina Guimarães (transmitido a 15 de Abril de 1975); e um programa que dava às mulheres informações sobre aborto e contracepção, com a ajuda de profissionais médicos (transmitido a 14 de Junho de 1975). Nome Mulher era mais do que um programa de questões polémicas, pois tentava abordar não apenas estas questões, mas também o padrão de vida de muitas mulheres portuguesas. Uma série de 1974 em que de Sousa e Palla visitaram Terceira nos Açores foi bem recebida, assim como reportagens sobre trabalhadoras agrícolas, mulheres que trabalhavam na pesca, e um "diário" da vida quotidiana de uma mulher que trabalhava como empregada doméstica.

Cancelamento e consequências

A 4 de Fevereiro de 1976, Nome Mulher transmitiu um especial chamado "O Aborto não é um Crime". O título foi escolhido deliberadamente, pois o aborto era de facto um crime segundo a lei portuguesa e continuaria a ser até 2007. O episódio focou-se num grupo clandestino na área de Lisboa (com todos os participantes usando apenas os primeiros nomes) que facilitava abortos ilegais. Estas pessoas, que tinham estudado obstetrícia, aborto, e saúde reprodutiva, mas não possuíam diplomas e credenciais de médicos, ofereciam os seus serviços a partes interessadas e normalmente não envolviam médicos porque sentiam que o método de aborto usado, o método de aspiração a vácuo, não era um "ato médico", contornando assim a necessidade de um médico numa tal situação. O grupo clandestino também oferecia referências para cuidados médicos pós-procedimento e até fornecia serviços psicológicos a mulheres pós-aborto.

Embora Nome Mulher tenha sido controverso no passado, este especial em particular, que incluiu imagens de uma mulher a abortar a sua gravidez através do método de aspiração a vácuo numa clínica em Cova da Piedade, causou um alvoroço nacional. Grupos políticos conservadores uniram-se para denunciar o programa, e até mesmo o Partido Socialista no poder na altura sentiu-se compelido a permanecer em silêncio. Um político socialista, falando sob condição de anonimato ao The New York Times, disse que embora o partido em geral concordasse com as posições de Palla, o timing do programa foi inoportuno, pois surgiu inesperadamente nas semanas que antecederam as eleições legislativas portuguesas de 1976, potencialmente prejudicando as suas chances nas urnas. Houve apelos para que o chefe da RTP na época, Manuel Pedroso Marques, cancelasse a série, o que só complicou mais as coisas, pois ele era (e ainda é hoje) o marido de Maria Antónia Palla. A reportagem sobre o Fundo de Fomento à Habitação no Porto, que já havia sido produzida e concluída, foi autorizada a ser transmitida a 2 de Março de 1976, mas depois disso, Marques retirou o programa de vez.

Shortly after the programme's broadcast, Maternidade Alfredo da Costa, Lisbon's leading maternity hospital, filed charges against Palla for "offense to public morals" and "illegal practice of medicine". Palla argued that she never made an on-air statement endorsing nor rebuking abortion and that the point of the programme in question was to highlight how easy and relatively safe it was to obtain an abortion in Portugal, in spite of its illegality. Palla alleged that in 1976, abortions in Portugal could be obtained with the absolute minimum of hygiene standards met for just 500 escudos ($18.50 in 1976 U.S. dollars and $98.90 in 2023 dollars, or approximately €90 in 2023 euro valuations), with more state-of-the-art, luxury treatment available for 5,000 escudos ($185 in 1976 U.S. dollars, or $989 / €900 in 2023 values). Nevertheless, Palla was brought to trial in Lisbon in 1979. She was eventually acquitted of all charges.

References

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